
O lançamento do Livro “The Unspoken Alliance", escrito por Sasha Polakow-Suransky, pode ser considerado uma verdadeira bomba, cujos estilhaços atingirão seriamente a imagem dos E.U.A. e de Israel. Ao revelar, com provas irrefutáveis, que Israel negociou a venda de Armas Nucleares para o regime do Apartheid da África do Sul, nos anos 1970, justamente num momento em que Washington desencadeia uma campanha agressiva para aumentar as sanções contra o Irã devido ao seu programa nuclear, as revelações de Suranski , no mínimo, causarão sérios embaraços para as ambições imperialistas norte-americanas.
Sasha Polakow-Suransk demonstra, em sua obra, que o estado sionista vendeu essas armas a um regime pária que tinha desferido vários ataques militares contra seus vizinhos, enquanto travava incessante opressão e violência do Estado racista contra a sua própria população de maioria negra.
Entre as provas da expansão nuclear de Israel,o autor publicou um pedido formal do regime de apartheid sul-africano de fornecimento de mísseis nucleares equipados e as atas das reuniões realizadas em 1975, em que o então ministro da defesa israelita (agora presidente de Israel), Shimon Peres, negociou com o seu homólogo sul-africano, a PW Botha,os termos de tal venda. Essas atas, que estão assinadas por Peres, inclui suas declarações indicando que Israel estava preparado para vender para Pretoria seus mísseis Jericó e as ogivas de "três dimensões", ou seja convencional, biológica e nuclear.
Em seu livro, Suransk, escreve que Israel continuou a servir como suporte para o regime do apartheid e que colaborou intimamente em programas de armas nucleares, testes de mísseis Jericó, na África do Sul, fornecendo material de armas nucleares e, aparentemente, a realizou pelo menos um teste comum de uma arma nuclear em 1979, no Oceano Índico, em flagrante violação dos tratados internacionais.
Segundo o autor, Israel tentou, sem sucesso, pressionar o atual governo da África do Sul para que desclassificasse os documentos que tinham sido declarados como segredo entre Tel Aviv e Pretória.O governo israelense e seus apoiadores se esforçaram para evitar, durante décadas, para que ninguém chamasse atenção para as semelhanças óbvias entre as condições impostas aos palestinos vivendo sob ocupação na Cisjordânia e Gaza e o sistema de apartheid da África do Sul como anti-semita. Mas o livro demonstra o que muitos já perceberam:as semelhanças evidentes entre os dois regimes e sua mútua colaboração.
No livro há também uma mensagem diplomática enviada pelo atual presidente de Israel, Shimon Peres, à Pretória depois de uma visita secreta à capital sul-africana, em 1974, onde ele propõe uma aliança entre os dois regime, dizendo que "esta relação é baseada não só em interesses comuns e na determinação de resistir a nossos inimigos, mas também sobre os fundamentos inabaláveis de nosso ódio comum à injustiça...”
Que ódio comum à "injustiça" era esse que Israel compartilhava com o regime de supremacia branca na África do Sul? Este país era governado, na época do apartheid, pelo simpatizante nazista, BJ Vorster que congratulou-se, durante sua visita a Jerusalém em 1976, que havia sido preso na II Guerra Mundial porque apoiou Hitler. Tudo isso deixa claro que houve intensa colaboração entre os dois países e troca de experiências sobre a violência praticada contra os palestinos e a maioria negra.
Falando para uma platéia em Tel Aviv University, o ex-chefe do exército israelense , Rafael Eitan, advertiu que os negros sul-africanos "querem ganhar o controle sobre a maioria branca como os árabes aqui querem ganhar o controle sobre nós. E nós, também, como a minoria branca na África do Sul, devemos agir para impedi-los. "
Em 1986, um técnico na instalação nuclear israelense, Mordechai Vanunu, vazou para a Sunday Times de Londres informações detalhadas e fotografias de operações secretas de Dimona, confirmando que Israel tinha acumulado um considerável arsenal nuclear. Vanunu foi,posteriormente, seqüestrado pela polícia secreta do Mossad, julgado em segredo e condenado a 18 anos de prisão, ficando por uma década, em confinamento solitário.
Após a publicação dos documentos de Polakow-Suransky, no jornal inglês “The Guardian”, foi noticiado em Israel que Vanunu tinha sido novamente preso , acusado de violação às regras de sua condicional. "Que vergonha Israel ... me colocar na prisão após 24 anos por eu ter dito a verdade ", disse Vanunu após sair do tribunal , no domingo passado (23/05)
As provas documentais publicadas no livro de Suransky, não apenas confirmam que Israel acumulou em segredo, com a proteção Washington, armas nucleares, mas também que negociou essas armas com um regime criminoso.
O fato de Israel, o país mais perigoso daterra, possuir armas nucleares e implementar sua proliferação,ignorando as leis internacionais,significa que a Humanidade está em risco.
Beth Monteiro
Fontes: resumo do livro " A Aliança Secreta de Israel com o Apartheid da África do Sul", de Sasha Polakow-Suransky por Bill Van Auken