segunda-feira, 18 de outubro de 2010

PLATINI AMEAÇA EXPULSAR ISRAEL DA UEFA

O presidente da UEFA- União Europeia das Federações de Futebol- ameaçou expulsar clubes israelenses dos torneios europeus devido à perseguição ao futebol palestino


Para jogar nas competições europeias, especialmente as de futebol, os países devem cumprir com uma série de princípios democráticos e de respeito às seleções dos outros países. Se não fazem isso, não podem pertencer a União das Federações Europeias de Futebol. É o razoável e assim tem se manifestado o próprio presidente a UEFA, Michel Platini.

Nos últimos anos, o país, membro da UEFA, que mais reiteradamente e manifestamente tem rompido com estes princípios básicos é Israel. Não só impedindo sistematicamente a construção de estádios de futebol e a realização de partidas na Palestina, mas também proibindo os jogadores da seleção palestina de sairem para disputar fora de casa, incluindo amistosos.

Durante o mês de setembro, membros da Federação Palestina de Futebol se reuniram com Michel Platini para demonstrar sua inconformidade com as políticas autoritárias de Israel . O detonante mais recente foi em relação a uma partida que ia ser disputada na Mauritânia, em 11 de agosto. Israel negou a saída a seis jogadores da seleção palestina. Ou seja , impediu a saída de pessoas de um país que não é o seu, por razões de “segurança nacional”.

Diante destes acontecimentos vergonhosos, Platini declarou que "aceitamos que Israel seja da Europa (futebolisticamente), de modo que deve cumprir com nossas leis e normas, incluindo garantir o livre movimento dos jogadores” , e acrescentou: "Israel deve escolher entre permitir que o desporto palestino prospere ou enfrentar-se com as consequências a que pode levar seu comportamento”.

É claro que o grande Platini não tardará a ser objeto de críticas na Internet e nos jornais por centenas de voluntários sionistas. Certamente financiarão a outro candidato para a renovação do mandato do presidente da UEFA, e farão todo o possível para afundar e assustar Platini. Esperemos que, pelo menos uma vez, se imponha a coerência e a justiça.

O futebol é o esporte nacional em Palestina. Milhares de jovens o praticam diariamente, em especial os mais jovens, nos campos de refugiados e acampamentos de verão. Nos fins de semana, o país vive com paixão os jogos do futebol europeu, principalmente o espanhol. Ninguém na Palestina ficará indiferente diante da pergunta: : " Madrid ou Barcelona?”. Eles só querem poder dizer algum dia com dignidade: " Seleção Palestina”
2010-10-14 / Fonte: Daniel Pérez Rodríguez

CRÔNICA DE UMA OCUPAÇÃO

Por ALI RAGHAB

Nos anos 30 a gente costumava bater uma bolinha na Palestina. Eu e meus amigos corríamos atrás de uma bola no final da tarde, sonhando que um dia iríamos jogar em algum clube. Foi naqueles dias que meu pai me contou sobre a seleção palestina disputando a Copa do Mundo. Eu e meus amigos vibramos. Quem sabe um dia a gente poderia vestir a camisa branca e preta, ouvindo nosso hino, vencendo Uruguai ou Itália.


Pouco tempo depois veio a notícia. A Palestina iria enfrentar o Egito nas Eliminatórias. Papai se animou e prometeu me levar até Tel-Aviv pra assistir o jogo. A minha alegria - e também a de meu pai - durou poucos dias. Até o momento em que a Federação convocou os jogadores. Na lista não havia nenhum muçulmano. Os britânicos, que dominavam nossa terra, aceitaram apenas os judeus.


Confesso que traí a pátria. Torci pelo Egito no primeiro e no segundo jogo. Eu não imaginava que nosso país seria representado por Berger, Reich ou um Fuchs qualquer. Perdemos as duas partidas de goleada. Papai ficou muito triste e um dia decidiu que o futebol também era nosso.
Pois é. De tanto reclamar, os ingleses prenderam papai durante alguns dias. Depois que ele saiu da cadeia me abraçou comovido e o futebol morreu pra mim. Vendo seu rosto marcado pelas pancadas e pelos maus tratos, não me permiti continuar a jogar aquele jogo cruel e desumano. Toda vez que eu imaginava um jogo, eu via a imagem do meu pai sendo levado pela simples razão de querer que seu povo pudesse jogar uma simples partida de futebol.
Trecho do livro 'Intifada e Futebol', coletânea da ONG 'Free Palestine'