terça-feira, 28 de setembro de 2010

ISRAEL VOLTARÁ A SER PALESTINA



Uma reunião realizada ontem (28/09) entre o primeiro ministro palestino Salam Fayyad e o vice-chanceler de Israel, Danny Ayalon, terminou abruptamente. O desentendimento surgiu quando o vice-ministro de Relações Exteriores de Israel exigiu que no resumo da ata da reunião se fizesse referência à noção de dois estados para dois povos, em lugar de somente dois Estados. “Queria que na ata da reunião figurasse, como mínimo, a expressão dois Estados para dois povos”, disse Ayalon.
Fayad quis saber o que pretendia dizer e perguntou: “ Um Estado palestino, um Estado binacional ou outro Estado palestino? O vice-ministro explicou : “ Deixei claro que estaríamos fora da foto se no resumo não figurasse a frase “ dois Estados para dois povos”.

O primeiro ministro da (Autoridade) palestina não pôde aceitar a exigência de Israel por muitas razões: Israel está situado na Palestina Histórica. Nasceu mediante ao roubo de terras e da limpeza étnica. Segue plantado nesta região por meio do roubo. Ao menos uma quinta parte dos habitantes de Israel são palestinos. E se isso não for suficiente, nenhum negociador palestino poderá permitir jamais que se ignore a questão dos refugiados, e com motivo: o direito ao retorno segue sendo o centro da causa palestina.

Curiosamente, no contexto da solução de dois Estados, o palestino seria definido como um Estado de cidadãos, uma amálgama civilizada de diferentes etnias e religiões. Israel, pelo contrário, continuaria sendo uma criação orientada racialmente: um Estado judeu para os judeus que continuariam na cúpula do poder. Que razão poderia ter a comunidade internacional para apoiar essa solução ou um Estado semelhante?

Sem dúvida, não me surpreendeu ler no Yanet que Tony Blair, que participou da primeira parte da reunião de ontem , apoiou a postura de Israel . Blair tem desenvolvido uma grande afinidade com os argumentos judeucêntricos e com a forma de pensar sionista. Afinal, não podemos esquecer que foram o sionistasta Levy e os amigos laboristas de Israel (Labour Friends of Israel) que financiaram o partido de Blair quando se iniciou a guerra contra o Iraque.

Tampouco deve surpreender-nos que as rodadas de negociações em curso não levem a lugar nenhum. O conflito entre Israel e Palestina não pode ser solucionado mediante às atuais conversações de paz, nem mediante nenhum tipo de resolução dominada pela visão sionista do mundo. O estado judeu vê a si mesmo como o renascimento na nação israelita bíblica. Isso significa, na prática, a perpetuação do conflito sem fim. Esta é a maior ameaça à paz mundial e, sem dúvida, trágica também para os israelenses que estão nascendo em uma realidade condenada, determinada por uma fantástica fantasia bíblica.

A “ solução de dois Estados” é uma idéia vã . Já chegou a hora de a comunidade internacional deixar de gastar energias com essa idéia falida. Os fatos sobre os territórios são claros, como Daniel McGowan expressou há dois meses: "O que realmente existe dentro das fronteiras controladas atualmente por Israel (que compreendem a Israel anterior a 67, Cisjordânia, Gaza e as Colinas de Golan) é um único Estado, que conta com uma única rede elétrica, um único sistema de água, uma moeda única, um sistema principal de estradas , um só serviço postal e fronteira exterior única.Os bens e as pessoas que entram neste Estado de fato, o fazem através de portos e aeroportos e em um número limitado de entradas. As autorizações de embarques e os passaportes são controlados e carimbados pelos funcionários deste Estado único".

No momento, este Estado único recebe o nome de Israel. Trata-se de um Estado dominado ideologicamente pelo racismo judeu e alimentado praticamente pela supremacia talmúdica. Sem dúvida, isso mudará. Contra todos os prognósticos, apesar do poder nuclear de Israel, dos grupos de pressão judeus em todo o mundo, dos aviões F-35 Stealth e do entusiasmo do vice-primeiro ministro de Relações Exteriores de Israel, este se converterá em um Estado de cidadãos e quando isso ocorrer, seu nome será Palestina.

Tradução livre e resumida do artigo de Gilad Atzmon por Beth Monteiro
Fonte: http://www.gilad.co.uk/writings/israel-will-be-palestine-by-gilad-atzmon.html?printerFriendly=true