quarta-feira, 15 de junho de 2016

“ULTIMA RATIO REGUM”


Muitos  chamam  de românticos saudosistas àqueles que remetem ao passado para tirar lições,  no presente, para o futuro. Mas não  se trata de uma tentativa  sonhadora de  conservar o passado, mas de resgatar a esperança passada  porque, hoje, o passado  está sendo sistematicamente destruído.

 É esta a tarefa hercúlea dos que usurparam as bandeiras da esquerda revolucionária marxista, mesmo quando , em momentos de grande turbulência, corram atrás destes símbolos,  que  os ajudaram a encontrar seu lugar ao sol e que tentaram enterrar para sempre, numa tentativa patética de salvar-se, demonstrando para seus senhores, a quem prestam vassalagem, que ainda têm alguma serventia, que ainda podem destruir a memória revolucionária dos povos para tranquilizar os donos do poder.

Não. Não podem mais  continuar cumprindo sua tarefa contrarrevolucionária porque  nesta fase de crise aguda   da  dominação  totalitária do capital financeiro, a  pseudocultura, que alimentaram tão habilmente, reapareceu com seus charlatães provincianos da política  para encenar a  última ratio  no resgate do sistema  capitalista delirante, aproveitando-se do espíritos em desalento gestado e alimentado pela indústria  cultural apodrecida que tantos farsantes  defendem.

 A burguesia se utiliza das Frentes Populares  a contragosto, quando não vê outra saída, assim como se utiliza do fascismo também a contragosto porque sabem que no limite de ambas estará colocada a possibilidade de uma revolução popular.


Foto:  obra de Vladimir Kush, pintor russo surrealista.

*ULTIMA RATIO REGUM” - expressão em latim que significa a ultima razão dos reis

sexta-feira, 27 de maio de 2016

CULTURA COMO INSTRUMENTO PARA SILENCIAR VOZES DISSIDENTES


Incentivar a cultura deve ser uma obrigação do Estado . Infelizmente, o que acontece é que este incentivo é seletivo e não passa de uma forma maquiavélica de total controle das expressões culturais e da consciência dos brasileiros porque ficam nas mãos dos grandes empresários que têm boas relações com o governos de plantão ou Estatais, o que implica em ter influência política para se obter incentivos ou patrocínios dessas empresas.

Com a total desmoralização da política e dos partidos, o que coloca, na percepção generalizada, todos (honestos ou não) no mesmo barco, a relação com as massas empobrecidas, que vivem em comunidades carentes, ficou restrita a políticos que não têm o menor constrangimento em usar muito dinheiro para cooptar lideranças locais que funcionam como coronéis urbanos tomando conta de seus currais eleitorais.

Paralelamente a isto, estão as ONGs cooptadas e controladas que usam a cultura como forma de moldar as consciências das pessoas atendidas pelos seus projetos e, finalmente, as igrejas neopentecostais , que são, na maioria das vezes, tão corruptas quanto os novos coronéis.

Este é o esquema que vem sendo utilizado, desde o início dos anos 1990, para silenciar vozes dissidentes e impedir que pessoas, que tenham real interesse em compartilhar conhecimento e conscientizar as massas, cheguem a essas comunidades.

Por um longo tempo, isto não despertou maiores questionamento da oposição de esquerda porque acreditaram ou se acomodaram à atuação sindical e estudantil , cujas maioria das direções também foram amordaçados através da cooptação pelos governos do PT ou pela direita propriamente dita. Mesmo assim, setores da esquerda marxista tiveram alguns avanços neste sentido, mas nada que , nem de longe, possa colocar em xeque o poder das centrais cooptadas.

O que acho estranho é que a oposição de esquerda marxista não tenha tido, até agora, uma luta mais consequente e firme pela verdadeira democratização da cultura.


 por Beth Monteiro

quarta-feira, 18 de maio de 2016

ARTE E CULTURA NA IDADE DA PEDRADA


Como será que  se produziu arte e cultura neste país que de fato revolucionou  a visão de mundo, que despertou novas maneiras de pensar a arte e a realidade, como a  Semana de Arte Moderna,  o Cinema Novo,  a Tropicália? Com burocratas de um Ministério Exclusivo para cooptar a produção artística e transformá-la  em apoiadores dos governos  “democráticos” ou ditaduras?


Foi  um Ministério da Cultura exclusivo que  inspirou os artistas que surgiram na  cena musical dos anos 1980 ? Foi um Minc exclusivo que  gerou Portinari,  Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Oswaldo Goeldi , Villa Lobos, Vicente Rego Monteiro, Oswald e Mário  de Andrade, Menotti del Picchia, Manuel  Bandeira e mais tarde Lygia Clark, Lygia Pape e tantos outros que se tornaram ícones  de nossa cultura? Foi um Minc exclusivo que fez surgir Cartola, ou  Ari Barroso?

por Beth Monteiro

quinta-feira, 12 de maio de 2016

PARA QUE LADO DEVEMOS OLHAR?

 Para os gabinetes perdidos ou para as massas?

A oposição de esquerda precisa se colocar de forma mais clara para suas bases , para os trabalhadores, estudantes e para a população  mais empobrecida,. Não é hora de ficar chorando sobre o leite derramado, olhando só para a superestrutura do poder, para o governo defenestrado, mesmo que se forma injusta.

 É hora de olhar para as pessoas comuns, pelos que estão sofrendo as consequências de um governo de falsa esquerda que optou  pelos grande capital, pelo rentismo, pelas grandes empreiteiras e agronegócio em detrimento da maioria da população, o   que resultou em  repúdio  das massas, cujos primeiros sinais de rejeição foi dado de forma contundente durante as jornadas de junho de 2013 e que, sem direção, começaram a ver na direita uma  saída contra a “esquerda” que as atacava impiedosamente.


É preocupante ver que companheiros e companheiras  da oposição de esquerda ao governo, focando  nas dores do governo Dilma, em vez de olhar para as dores dos milhões de desempregados, dos que vão perder seus direitos; nas dores do funcionalismo que  começa a ficar sem seus  pagamentos em alguns estados; dos terceirizados que estão sendo tratados como  cidadãos de segunda classe e demitidos em massa sem dó nem piedade; nos aposentados e nos que ganham Salário Mínimo e terá este minguado salário congelado e talvez até reduzido; nos estudantes que lutam e resistem bravamente ao sucateamento de suas escolas; nos milhões  que sofrem nas filas dos hospitais  públicos;  na falência generalizada dos micro e pequenos negócios em todo o país que o que está revoltando a classe média. Como se nada disto fosse o resultado das políticas do governo Dilma.

Beth Monteiro

O CAPITALISMO E SEUS CICLOS ECONÔMICOS



Não importa que tipo de governo seja eleito “democraticamente” ou imposto na marra, quando o capitalismo entra em  seu ciclo negativo, de crise de superprodução , qualquer um destes governos entram em colapso.

O conceito do ciclo econômico refere-se às flutuações da atividade econômica, envolvendo uma alternância de períodos de crescimento com períodos de relativa estagnação ou declínio (contração ou recessão).

Existem períodos de  boom; de  recessão; de depressão  e finalmente de recuperação. Estes são fenômenos que ocorrem na economia de mercado. Em todas estas situações, a burguesia joga pesado contra os trabalhadores para aumentar ou manter seus lucros.

Entretanto, tudo depende de como um determinado  governo vai lidar com uma situação de crise econômica e fiscal e, também, em que país esta se instala: se num país desenvolvido como os Estados Unidos,  ou Japão; em desenvolvimento como Brasil ou Rússia, ou mais pobres como Paraguai ou  Serra Leoa. Sendo que, no final das contas, tudo vai depender da capacidade de resistência  da classe trabalhadora em pagar pela crise. E não importa se é um governo neoliberal, de direita ou de esquerda. Uma insurreição popular pode colocar qualquer um deles abaixo.

Durante o governo Lula, tivemos um ciclo de crescimento  e uma boa arrecadação de impostos, o que atraia investimentos especulativos e produtivos , dando margem  ao aumento do crédito para o consumo e aumento do emprego. Não é que Lula  optasse por algumas medidas que beneficiaram os mais  pobres, como os programas sociais, porque era de esquerda, mas porque, naquele momento, este tipo de  medida não  colocava em risco os compromissos para com o pagamento em dia dos  juros  e serviços da  Dívida Pública. Entretanto, logo no  final do primeiro mandato da presidente Dilma, este ciclo se inverteu e , ela quis fazer de conta que nada estava acontecendo para se reeleger. Deu no que deu.

Não podemos precisar quanto tempo durará este período de vacas magras, talvez uns  6 a  8 anos, como no período de FHC. Já se passaram  quatro anos e ainda temos muito barro para amassar, até que se inicie um novo ciclo de crescimento. Entretanto, alguns economistas, acreditam que já , em 2017 a recessão comece a ceder, iniciando um anêmico ciclo de crescimento.


O problema é que quando o ciclo do crescimento retorna, este não é capaz de trazer de volta ao mercado todos  aqueles que perderam  seus  empregos, não significa que funcionários públicos demitidos retornem a seus trabalhos, que os pequenos empresários falidos tenham condições de  retomar seus negócios, que as perdas salariais e de benefícios  serão repostas. Tudo vai depender da  capacidade de luta dos trabalhadores.

por Beth Monteiro

terça-feira, 3 de maio de 2016

QUEM VOTOU EM DILMA SABIA QUE ESTAVA VOTANDO EM MICHEL TEMER


Petistas, em desespero, denunciam o fato de Michel Temer ter sido testemunha de defesa do coronel Ustra o torturador de Dilma e de outros militantes da resistência à Ditadura no caso que tramita na 9a vara criminal da Justiça Federal de São Paulo que se refere-se à denúncia pelo sequestro de Edgar de Aquino Duarte, ( início dos anos 1970),apresentada pelo Ministério Público em outubro de 2012.. Só que isto aconteceu no início de 2014. Por que não denunciaram antes para impedir que Dilma confirmasse Temer como seu vice?

Dilma conhecia perfeitamente a biografia de Michel Temer,  o grande  defensor  da emenda da reeleição de FHC e  fiel escudeiro do coronel Ustra .

Será que o PT, Lula e Dilma não sabiam que Michel Temer, como secretário de Segurança de São Paulo,  abafou  crimes dos porões da tortura e assassinatos, das polícias civil e militar de São Paulo; que  protegeu  o mais sanguinários  aliados do  golpe de 1964?

Será que não sabiam que ele usou seu cargo de  Secretário da Segurança de São Paulo, inclusive durante a ditadura militar, para alavancar suas candidaturas a deputado da bancada da bala, e que, com apoio de FHC, se tornou  presidente da Câmara dos Deputados, justamente porque tinha talento para conchavar com o baixo clero com vias a  aprovação da emenda da reeleição,  num processo notoriamente corrompido por compra de votos?

E ainda têm a cara de pau de culpar a oposição de esquerda pelo  desfecho trágico do governo Dilma, logo a esquerda que denunciou essas alianças espúrias e altamente perigosas, tanto para o governo  Dilma, quanto para os trabalhadores e o povo em geral.


Beth Monteiro

quinta-feira, 28 de abril de 2016

QUEM VAI GOVERNAR NOSSO PAÍS?


HENRIQUE MEIRELLES, o ex-presidente do Banco Central no governo Lula, faz exigências para retornar ao cargo  em um eventual governo Michel Temer: quer  a independência do Banco Central.
Por que Henrique Meirelles, Aécio Neves e Marina Silva defendem a independência do BC? E por que Meirelles não exigiu a independência do Banco Central para participar do governo Lula?
O rentismo que sustenta   a elite que vive dos juros, e não investe no setor produtivo que gera empregos,  se estabeleceu no Brasil a partir do governo de FHC , se aprofundou no governo Lula e entrou em colapso no  governo Dilma.

O mercado financeiro se utiliza de drenos para usurpar nossas riquezas e  impõe, aos governos submissos, políticas de poder que tornam quase impossível  a qualquer  governo covarde  romper essa lógica.

 De 2013 a 2014, Dilma tentou reduzir a taxa  de juros, causando reação e  pressões políticas muito fortes de  economistas  que previam o inevitável crescimento da inflação.
Em virtude de todas as consequências do Quantitative Easing (QE), ensaiado por Dilma, que  usou o mecanismo de expansão monetária (ou endividamento), que só é permitido  nas  potências imperialistas ocidentais,  a questão da independência do Banco Central volta, agora, com toda a força.
Todos os candidatos a presidente da república — submissos ao rentismo— , seja do vice  após impeachment, seja via eleições de 2018, lutam desesperadamente para ser o preferido  ou a preferida do capital financeiro em sua guerra contra o setor produtivo, ou seja, a favor do desemprego como moeda de troca.

 Mas como não querem assumir isto de forma tão descarada, todos e todas  defendem a independência do Banco Central , para que este funcione como  “policy makers”  que vai  lidar  com o  problema da inflação e do desemprego.

Assim , estes governos podem simplesmente lavar as mãos  para este tipo de problema e agirem como se inflação/ desemprego  fosse algo advindo de alguma entidade sobrenatural, sobre a  qual eles ou elas não têm controle.

Entretanto, durante os dois mandatos de Lula, Meirelles não exigiu  a independência total do BC porque, em primeiro lugar, não era necessária, tendo em vista o grau de confiança que  Lula depositava nele; e , em segundo lugar,  porque com  o crescimento da economia ,via exportações de commodities (grãos e minérios), ele sabia que seu fiel servo não precisaria interferir nas políticas do BC.


Mas agora, que este modelo colapsou, Meirelles precisa de autonomia para impor seus remédios amargos para os trabalhadores em favor dos especuladores porque sabe que pressões das ruas vão se intensificar, e qualquer governo, seja de Dilma, de Michel Temer, de Marina, de Lula ou de Aécio pode querer interferir para reduzir desemprego e parar os ataques aos direitos dos trabalhadores de empresas privadas, funcionários públicos  e aposentados para não perderem  sua popularidade e evitar  uma  convulsão social.

por Beth Monteiro

terça-feira, 26 de abril de 2016

OS FARSANTES

A saída para a crise no Brasil está muito  além do lenga-lenga da direita  e da esquerda neoliberal capitaneada pelo PT e PCdoB:  ajuste fiscal , reforma da Previdência, privatizações  e concessões . Os que tanto reclamam  de ser vítima de um golpe, simplesmente  não dizem  é que  ajustes ficais   e  contrarreformas neoliberais  são incompatíveis   com a democracia e representa um golpe  contra os  trabalhadores, aposentados e parte da classe média. Não é por acaso que estes farsantes, que  brigam entre si  na disputa das benesses do aparato do Estado, fazem verdadeiros malabarismos verbais, usando uma retórica de quinta categoria, ameaçando  com  bicho papão  do golpe, ou com  o boi da cara preta da inflação, para amedrontar  um público cada vez mais manipulado, tanto pela “exquerda”, como pela direita.

Por conseguinte, já não se coloca a questão de que mudanças são necessárias  para melhorar a vida da maioria dos brasileiros. Em vez disso, TODOS os que estão nesta disputa insana só falam em arrocho, mais  ajustes,  mais austeridade, mais cortes de gastos. Tudo isto não passa de  eufemismos para dizer não dizendo que,  dentro dos limites  autoimpostos  por covardia ou medo de perder seus gordos financiamentos,  a população deve ter paciência porque é preciso fazer o bolo crescer para depois repartir,  ou seja, por falta de caráter, estão  imitando os  ditadores de triste memória.
Não dizem que estamos presos na gaiola do rentismo, do capital financeiros, dos altos  juros para  remunerar especuladores, da Dívida Pública ilegal e fraudulenta .  Neste marco, essas manobras parlamentares com vistas a um impeachment e mesmo a saída  eleitoralista estão destinadas à irrelevância
.


Um bom exemplo para corroborar isto é ver  como  o Henrique Meirelles, ex-deputado do PSDB, ex-presidente do Bank of Boston, ex-presidente do Banco Central no governo Lula,  é disputado tanto por Lula quanto por Michel  Temer para compor seus  eventuais futuros governos ou mesmo o governo Dilma, se  o processo de impeachment não for adiante. E o que Meirelles, o “salvador da pátria” diz a todos eles: “ é preciso tomar medidas amargas”. Para quem cara pálida? Para os banqueiros e especuladores é que não são.

por Beth Monteiro

domingo, 14 de fevereiro de 2016

MAL MENOR


Para a esquerda maidanista, um derivado da esquerda pós-moderna, mas  que ainda guarda laços com a luta de classe,  a prioridade na guerra na Síria não é combater o Estado Islâmico  — marionetes dos Estados Unidos e aliados—, mas  Assad e Putin. Neste sentido adotaram descaradamente as prioridades de Washington para mudança de regime naquele país.

AS posições políticas dessas  organizações, que se reivindicam trotskistas,  não  têm nenhum poder concreto para mudar a correlação de forças entre  a classe trabalhadora mundial e o imperialismo “democrático”  hegemônico  norte-americano,  pois não passam de comentaristas políticos. Não obstante, é interessante demonstrar, aos desavisados, que  este tipo de alinhamento a um imperialismo agressor não tem nada a ver com Trotsky e muito menos com os pressupostos da Quarta Internacional.

Não vejo mérito algum em  determinar se a Rússia ou a China são , ou não, imperialistas, haja vista que qualquer país capitalista seja França. Reino Unido, Canadá ou Brasil, nos marcos do capitalismo, só têm  duas saídas para não serem devorados pelo poder das oligarquias internacionais: serem imperialistas  hegemônicos ou subimperialistas —  um tipo de capitão do mato elevado à décima potência, traindo os seus  pares para lograrem um lugarzinho na  cozinha da Casa Grande.

Trotsky (em seu Programa de Transição) dizia que  “o dever do proletariado internacional será ajudar os países oprimidos em guerra contra seus opressores. Este mesmo dever estende-se também à URSS ou a outro Estado operário que possa surgir antes da guerra ou durante. A derrota de todo governo imperialista na luta contra um Estado operário ou um país colonial é o mal menor.”

“Em Allepo , o regime   sírio  está avançando muito rapidamente em uma  colaboração óbvia entre o regime, os curdos e os russos. Agora temos que lutar contra três gigantes ao mesmo tempo. Temos muito pouco à esquerda. Nada pode mudar as coisas agora. Eu não posso mentir e dizer que a posição do ESL (Exército Sírio Livre)  é forte, “ disse   um membro do ESL, ao  Guardian.

Um  milhão de iraquianos foram mortos pelas  bombas despejadas por aviões de guerra da maior potência bélica do mundo — EUA e aliados—,  pelas balas de fuzis, de  metralhadoras e armas químicas  da maior “democracia” do mundo. Mais de 200 mil pessoas foram mortas na Síria  nesta guerra que  vai completar cinco anos , algumas  pelas bombas  primitivas (barril de pólvora) do  regime de Al Assad, outras  nos enfrentamentos entre   soldados do Exército Árabe  Sírio e as  inúmeras milícias terroristas  takfirs  financiadas pelo imperialismo norte-americano e aliados, incluindo Al-Qaeda /Al Nusra, Daesh ou Estado Islâmico.

O Iraque tem cerca de 33,43 milhões de habitantes e a Síria , cerca de 22,85 milhões.  Portanto um milhão de pessoas mortas  na guerra dos EUA contra o Iraque, significa   aproximadamente 0,4 % da população. Na Síria, os  mais de 200 mil mortos representam aproximadamente  0,25 % da população.  São números terríveis, obscenos e difícil de aceitar, assim como não  é  aceitável  culpar  apenas um ditador de um país indefeso atacado por todos os lados pelas grandes  potências  e aliados, e, também, aceitar  que certo esquerdistas, lancem mãos de pieguismos quando informam suas bases de forma subliminar, que existem guerras mais humana do que outras, e assim, embelezam ações dos  Estados Unidos que, através de seus proxies, provocaram esta carnificina.

Sim, Assad é  mau, é terrível, Putin também é belicista e é terrível. Mas temos que refletir sobre o  que uns e outros estão defendendo. Do meu ponto de vista,  Obama defende a manutenção da hegemonia imperialista dos Estados Unidos e sua dominação total sobre o resto  do mundo  , enquanto a Rússia, a Síria, o Irã e aliados lutam pra não serem dominados.  E sem uma Revolução Socialista , tentarão apenas lutar para serem o imperialismo hegemônico.
Nosso papel como classe trabalhadora, não é defender um ou outro imperialismo, mas, taticamente neste momento, nos colocarmos a favor de quem está sendo atacado e contra os mais fortes  que estão atacando.


Por Beth Monteiro

domingo, 6 de setembro de 2015

POR QUE GOVERNOS E MÍDIA NÃO ESTÃO CONTABILIZANDO OS REFUGIADOS DA LÍBIA?


Segundo a  Agência de Refugiados da ONU. Revelados na Sexta-Feira (4/9),o número de refugiados e imigrantes que cruzaram o Mediterrâneo para chegar à Europa ultrapassou 300 mil este ano, contra   cerca de 219 mil em  2014.

Mais de 2.500 pessoas morreram tentando cruzar, não incluindo 200 que teriam se afogado na Líbia na últimas  semana.  ACNUR adverte que estas contas não incluem o naufrágio de dois barcos na quinta-feira perto da Líbia. Estima-se que poderia ter matado cerca de 200 pessoas. Ao longo de 2014, um total de 3.500 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo, disse o ACNUR.

Por incrível que pareça, o maior contingente de pedidos de asilo em 2015 vem do Kosovo. São 48,875 imigrantes oriundos da região. Este território, localizado na península dos Balcãs, que já fez parte da ex-Iugoslávia, é disputado hoje pela Albânia e pela Sérvia. Entre março e junho de 1999, foi palco da chamada Guerra do Kosovo, em que as forças armadas da OTAN devastaram a região no bombardeio contra a Iugoslávia. O resultado da guerra e os posteriores conflitos entre albaneses e sérvios deu origem a um enorme êxodo de refugiados.

Todos esses refugiados  fogem da violência e dos conflitos em seus países de origem. Mas a maioria não são da Síria  como  a mídia está dizendo. E os que fogem da Síria para a Europa estão tentando se livrar do cerco do Estado Islâmico e outros grupos  takifirs financiados pelo imperialismo e  certamente do fogo cruzado entre o Exército Árabe Sírio e estes grupos.  Importante destacar que todas forças conflagradas atingem civis, realizam capturas, fazem prisioneiros, praticam torturas e assassinatos.  

Mas o que está em jogo, no momento, não é quem é mais ou menos cruel. Mas as reais intenções  que estão por trás  desta crise dos refugiados que foi repentinamente inflada pela mídia  mainstream com foco na Síria, para ganhar simpatia da opinião pública mundial  com vistas  a  um ataque frontal à Síria, pela forças da OTAN.

SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER OU ESTÁ COMPROMETIDO

A zona de exclusão aérea ou zona tampão ( faixa territorial entre  a Turquia e a Síria), que  foi anunciada como base de lançamento de  ataques dos EUA e aliados contra ISIS, é  na verdade um reduto seguro para o Estado Islâmico ou mais concretamente a  “legalização” de suas fronteiras provisórias. Os mísseis Patriot haviam sido instalados, a partir de Janeiro de 2013, pela Otan na Turquia, afim de impedir que a Força Aérea Síria pudesse controlar a zona aérea da fronteira. Desse modo, os jihadistas da Frente al-Nusra (al-Qaida) tinham conseguido apoderar-se do Norte do país. A partir do verão de 2014, esta zona de sobrevoo interdito  foi ocupada pelo Emirado Islâmico.
O Iraque e a Síria  foram transformados numa verdadeira “casa da mãe Joana” onde todo mundo entra e sai a hora que quer”  com o pretexto de atacar ISIS uma espécie de curinga macabro que serve para qualquer coisa.


Beth Monteiro