Para a esquerda maidanista, um derivado da esquerda pós-moderna, mas que ainda guarda laços com a luta de classe, a prioridade na guerra na Síria não é combater
o Estado Islâmico — marionetes dos
Estados Unidos e aliados—, mas Assad e
Putin. Neste sentido adotaram descaradamente as prioridades de Washington para
mudança de regime naquele país.
AS posições políticas dessas organizações, que se
reivindicam trotskistas, não têm nenhum poder concreto para mudar a
correlação de forças entre a classe
trabalhadora mundial e o imperialismo “democrático” hegemônico
norte-americano, pois não passam
de comentaristas políticos. Não obstante, é interessante demonstrar, aos
desavisados, que este tipo de alinhamento
a um imperialismo agressor não tem nada a ver com Trotsky e muito menos com os
pressupostos da Quarta Internacional.
Não vejo mérito
algum em determinar se a Rússia ou a
China são , ou não, imperialistas, haja vista que qualquer país capitalista seja
França. Reino Unido, Canadá ou Brasil, nos marcos do capitalismo, só têm duas saídas para não serem devorados pelo
poder das oligarquias internacionais: serem imperialistas hegemônicos ou subimperialistas — um tipo de capitão do mato elevado à décima
potência, traindo os seus pares para
lograrem um lugarzinho na cozinha da
Casa Grande.
Trotsky (em seu
Programa de Transição) dizia que “o
dever do proletariado internacional será ajudar os países oprimidos em guerra
contra seus opressores. Este mesmo dever estende-se também à URSS ou a outro
Estado operário que possa surgir antes da guerra ou durante. A derrota de todo
governo imperialista na luta contra um Estado operário ou um país colonial é o
mal menor.”
“Em Allepo , o regime
sírio está avançando muito rapidamente em uma colaboração óbvia entre o regime, os curdos e
os russos. Agora temos que lutar contra três gigantes ao mesmo tempo. Temos
muito pouco à esquerda. Nada pode mudar as coisas agora. Eu não posso mentir e
dizer que a posição do ESL (Exército Sírio Livre) é forte, “ disse um membro do ESL, ao Guardian.
Um milhão de
iraquianos foram mortos pelas bombas
despejadas por aviões de guerra da maior potência bélica do mundo — EUA e aliados—, pelas balas de fuzis, de metralhadoras e armas químicas da maior “democracia” do mundo. Mais de 200
mil pessoas foram mortas na Síria nesta
guerra que vai completar cinco anos ,
algumas pelas bombas primitivas (barril de pólvora) do regime de Al Assad, outras nos enfrentamentos entre soldados do Exército Árabe Sírio e as
inúmeras milícias terroristas takfirs
financiadas pelo imperialismo norte-americano
e aliados, incluindo Al-Qaeda /Al Nusra, Daesh ou Estado Islâmico.
O Iraque tem
cerca de 33,43 milhões de habitantes e a Síria , cerca de 22,85 milhões. Portanto um milhão de pessoas mortas na guerra dos EUA contra o Iraque,
significa aproximadamente 0,4 % da
população. Na Síria, os mais de 200 mil
mortos representam aproximadamente 0,25
% da população. São números terríveis,
obscenos e difícil de aceitar, assim como não
é aceitável culpar apenas um ditador de um país indefeso atacado
por todos os lados pelas grandes
potências e aliados, e, também,
aceitar que certo esquerdistas, lancem
mãos de pieguismos quando informam suas bases de forma subliminar, que
existem guerras mais humana do que outras, e assim, embelezam ações dos Estados Unidos que, através de seus proxies,
provocaram esta carnificina.
Sim, Assad
é mau, é terrível, Putin também é
belicista e é terrível. Mas temos que refletir sobre o que uns e outros estão defendendo. Do meu
ponto de vista, Obama defende a manutenção
da hegemonia imperialista dos Estados Unidos e sua dominação total sobre o
resto do mundo , enquanto a Rússia, a Síria, o Irã e aliados
lutam pra não serem dominados. E sem uma
Revolução Socialista , tentarão apenas lutar para serem o imperialismo hegemônico.
Nosso papel como
classe trabalhadora, não é defender um ou outro imperialismo, mas, taticamente neste momento, nos colocarmos a favor de quem está sendo atacado e contra os
mais fortes que estão atacando.
Por Beth
Monteiro