sábado, 24 de outubro de 2009

IRRITANDO ISRAEL


O governo e líderes sionistas de Israel estão soltando chispas de ódio diante dos últimos acontecimentos: o crescimento de uma nova organização judaica nos Estados Unidos, o relatório Goldstone e até um seriado da TV Turca

O ex-presidente do Conselho Diretivo do Congresso Judaico Mundial, Isi Liebler, declarou ao Jerusalém Post que " é nossa obrigação enfrentar o inimigo interno - judeus renegados - incluindo israelenses que estão na vanguarda dos esforços globais para demonizar e deslegitimar o Estado judeu ". As razões do desabafo: o crescimento de J Street, uma nova organização judaica de lobby pacifista que se descreve como pró-Israel e pró-paz que já está fazendo frente à AIPAC, tradicional organização de lobby sionista com grande influência política e econômica nos EUA.

Neste fim de semana, a J. Street realiza sua primeira conferência nacional. Alguns artistas foram convidados para lerem poemas, durante a conferência. Eles pretendiam falar sobre a Palestina, enfatizando a necessidade de se fazer justiça àquele povo. Mas o lobby da AIPAC silenciou suas vozes.
Alguns poetas reagiram, dizendo que os radicais de direita odeiam discursos que revelam verdades que procuram negar sistematicamente. The Weekly Standard Commentary e seus irmãos, influenciadas pela AIPAC, estão atacando J Street há semanas, com medo de que a conferência possa reunir a maioria dos judeus americanos que fazem pressão por um processo de paz mais rigoroso.

Pressionado, o diretor executivo da J Street cancelou a apresentação de alguns artistas na Conferência. Os poetas Kevin Coval e Josh Healey disseram que a nova organização judaica sucumbiu à pressão e passou a perseguir os artistas e que isso é uma reação equivocada da “esquerda”: “Ao invés de ceder, o que só incentiva a direita e legitima seus ataques, é preciso defender os nossos princípios e se engajar nessa frente.”
Coval e Healey reclamam que não há, nos espaços judaicos dos EUA, abertura para defenderem o direito dos palestinos de regressarem à terra da qual eles foram forçados a sair ou para mencionar que em janeiro passado, mais de 1.400 palestinos, a maioria civis, foram mortos em Gaza.

“Por que estamos com medo dos resultados de uma conversa honesta? O que temos a perder, ou descobrir, ou admitir e se questionar sobre políticas de Israel ou o apoio dos EUA ao seu governo e ajuda militar? Isso pode ser perturbador para quem teme ver revelada a intrincada teia de mentiras e meias-verdades. Isto pode ser desconcertante para as gerações de judeus que aceitaram a propaganda de um "povo escolhido" e as atuações do pesadelo da geoestratégia pelo poderio militar”, disse Coval.

Israel impõe censura à TV estatal turca
Mais dois fatos estão irritando Israel: um seriado transmitido pela TV Turca que mostra crianças palestinas sendo assassinadas por soldados israelenses http://www.youtube.com/watch?v=Sp2wPebKyN8&feature=related e a aprovação do Relatório Goldstone pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. O seriado provocou a ira de Israel e causou um incidente diplomático entre os dois países. Para Israel, as cenas de execução de crianças “não estão de acordo com a realidade”. "Uma cena mostrando soldados israelenses disparando uma fila de palestinos com os olhos vendados foi cortada, a partir do segundo episódio," disse o produtor Selcuk Cobanoglu ao jornal Milliyet. A série - "Separação: Palestina no amor e na guerra" - entrou no ar em 13 de outubro.

Israel fora de si A comunidade judaica nos Estados Unidos é composta por cerca de 6 milhões de pessoas, cujo comportamento crítico, de uma parte dela, pode ter conseqüências perigosas para o Estado Sionista. Suas críticas estão deixando os líderes israelenses fora de si, a ponto de Liebler declarar no Jerusalém Post: "Esses judeus odioso podem ser rastreados até aos apóstatas que, durante a Idade Média, fabricaram libelos para incitar o ódio que culminou no massacre. Foi em resposta a esses renegados que a excomunhão foi criada." Para Liebler, esse grupo de judeus estadunidense quer pressionar o governo dos E.U. para que exija de Israel mais concessões unilaterais aos vizinhos, abrindo caminho para a aniquilação do estado judeu.

Beth Monteiro Ilustração: tela do artista plástico palestino Zuhdie Al Adawi " Esperança" - Fontes : Intifada Eletrônica, Global Agence e jornal Haaretz


terça-feira, 20 de outubro de 2009

O IMPÉRIO LEVIEV'S SUCUMBIU AO BOICOTE

Em 31 de agosto de 2009, Lev Leviev, o sexto homem mais rico de Israel, segundo a Forbes Magazine, convocou uma entrevista coletiva e anunciou que sua empresa África- Israel iria cumprir as suas obrigações financeiras e pagar as suas dívidas a tempo. A Leviev's está avaliada em cerca de 1,4 bilhões de euros. Embora o magnata Leviev tenha dito que iria atender a todas as suas obrigações, até o último centavo, recentemente, ele se desculpou dizendo que cometeu erros graves de investimentos.

A fortuna de Leviev começou a ser construída a partir da indústria de diamantes, sendo a empresa África -Israel o carro-chefe dos seus negócios. Atualmente, seus investimentos estão voltados para obras estatais e construção em assentamentos israelenses em colônias, na Cisjordânia. Como resultado destes projetos de construção, o império foi alvo de uma enorme e bem organizada campanha de boicote.
Como a África do Sul do Apartheid, Israel tornou-se famoso em todo o mundo pelos seus crimes e a pressão internacional cresceu. Manifestações ocorreram em Nova York, incluindo na loja ofLeviev frente na Madison Avenue. Diamantes Leviev foram rejeitadas em Dubai e a UNICEF recusou uma doação dessa empresa, dizendo: "Estamos cientes da controvérsia em torno do senhor Leviev, pois há relatos de seu envolvimento em construções nos território palestino ocupados". A embaixada do Reino Unido em Tel Aviv decidiu não comprar a sua sede em Israel, quando foi revelado que a BlackRock Inc., um grande investidor britânico, decidiu se afastar d a empresa África-Israel. Diante dos fatos, Leviev convocou uma entrevista coletiva e anunciou sua incapacidade para pagar suas dívidas.

Entre as cinco grandes companhias israelenses, que acumulam enormes dívidas,a África- Israel foi a primeiro a cair, em parte porque sua imagem foi destruída, juntamente com sua fortuna, causando receio nos bancos que passaram a achar temerário fazer empréstimos a uma empresa acossado por protestos e contencioso pelos crimes cometidos nos territórios ocupados da Palestina.

Os outros magnatas israelitas altamente endividados não faliram porque não foram alvo de boicote a suas companhias de forma generalizada, por isso, ainda têm condições de obter crédito suficiente de investidores para fazer negócios, apesar da crise internacional. É muito cedo para dizer quais as conseqüências da queda Leviev . Seus credores são, em sua maioria, israelenses e muito dinheiro que foi investido em suas empresas são de fundos de pensão.
Os bravos e combativos ativistas, que saíram às ruas para exigir boicote, desinvestimento e sanções às empresas para barrar a agressão israelense sobre os palestinos, receberam uma mensagem clara de que seus esforços não estão sendo em vão. As empresas privadas que buscam lucros fáceis na Palestina ocupada, ignorando as injustiças e ilegalidade dos crimes de Israel , vão pensar duas vezes antes de investir naqueles territórios. Eles podem ser obrigados a pagar o preço em dinheiro real para o déficit moral em suas contas.

Beth Monteiro
Fonte BNC Europa
Alternative Information Center
Ilustração: tela do pintor palestino Mohammad Abu Sall

PROTESTOS CALAM EX-PRIMEIRO MINISTRO DE ISRAEL



A notícia dos protestos de estudantes da Universidade de Chicago contra a presença do ex-primeiro ministro de Israel, Ehurd Olmet, que foi dar uma palestra na Universidade Harris School of Public Policy , de Chicago, em 15 de outubro de 2009, está correndo o mundo. Apesar da proibição, a palestra do ex-premier israelense foi filmada com câmeras ocultas. Em apenas três dias, o vídeo foi visto por mais de cem mil pessoas no You Tube.
Além disso, a rede de Tv Al-Jazeera transmitiu para dezenas de milhões de famílias em língua árabe em todo o mundo, usando um clipe de imagens exclusivas do site Intifada Eletrônica. O evento foi amplamente coberto , tornando- se a notícia principal em Israel, incluindo websites Haaretz e Yediot Ahronot que mostraram o vídeo e a notícia em seus sites em hebraico e Inglês. O Canal 2 de Israel e a Rádio do Exército de Israel também transmitiram a notícia, citando o IE como a fonte.


Ehud Olmert foi obrigado a ouvir o nome de todas as crianças palestinas assassinadas no último bombardeio em Gaza

O jornal Chicago Tribune informou que 12 policiais observaram os manifestantes nas proximidades da Universidade, agitando bandeiras palestinas e cartazes condenando Olmert por seu papel em dois infames ataques militares contra o Líbano em 2006 e em Gaza, em 2008-9, que deixou milhares de mortos. "Eu não me importo de ouvir o que eles têm a dizer, mas se tudo o que eles têm a dizer é que nós somos pessoas más, eu me recuso a ouvir isso," disse o ex-premier israelense.


Pelo menos 25 estudantes foram retirados do auditório, onde o antigo primeiro-ministro falava, sendo que um foi preso. A Universidade de Chicago defendeu o seu convite em razão da liberdade de expressão, dizendo que o campus já recebeu conferencistas de diversas opiniões. Havia em torno de 50 pessoas no salão e cada uma fez um discurso, interrompendo Olmert, antes de serem expulsas por seguranças. Do lado de fora, cerca de 200 pessoas protestavam indignadas porque que um homem que cometeu crimes de guerra na Palestina e no Líbano, que matou mais de 3.000 pessoas durante o seu mandato, estava sendo homenageado.


Durante sua palestra, Olmet foi interrompido com a leitura dos nomes das crianças mortas em Gaza durante os bombardeios 2008/09 o que efetivamente impediu o seu discurso. Visivelmente constrangido, o ex-premier israelense disse publicamente, ao sair, que os israelenses devem sair da Cisjordânia e voltar para os limites da Linha Verde. Pena que não disse , nem fez isso, enquanto foi primeiro-ministro de Israel.
Postado por Beth Monteiro
Fonte Intifada Eletrônica
Jornal Haaretz