sexta-feira, 27 de maio de 2016

CULTURA COMO INSTRUMENTO PARA SILENCIAR VOZES DISSIDENTES


Incentivar a cultura deve ser uma obrigação do Estado . Infelizmente, o que acontece é que este incentivo é seletivo e não passa de uma forma maquiavélica de total controle das expressões culturais e da consciência dos brasileiros porque ficam nas mãos dos grandes empresários que têm boas relações com o governos de plantão ou Estatais, o que implica em ter influência política para se obter incentivos ou patrocínios dessas empresas.

Com a total desmoralização da política e dos partidos, o que coloca, na percepção generalizada, todos (honestos ou não) no mesmo barco, a relação com as massas empobrecidas, que vivem em comunidades carentes, ficou restrita a políticos que não têm o menor constrangimento em usar muito dinheiro para cooptar lideranças locais que funcionam como coronéis urbanos tomando conta de seus currais eleitorais.

Paralelamente a isto, estão as ONGs cooptadas e controladas que usam a cultura como forma de moldar as consciências das pessoas atendidas pelos seus projetos e, finalmente, as igrejas neopentecostais , que são, na maioria das vezes, tão corruptas quanto os novos coronéis.

Este é o esquema que vem sendo utilizado, desde o início dos anos 1990, para silenciar vozes dissidentes e impedir que pessoas, que tenham real interesse em compartilhar conhecimento e conscientizar as massas, cheguem a essas comunidades.

Por um longo tempo, isto não despertou maiores questionamento da oposição de esquerda porque acreditaram ou se acomodaram à atuação sindical e estudantil , cujas maioria das direções também foram amordaçados através da cooptação pelos governos do PT ou pela direita propriamente dita. Mesmo assim, setores da esquerda marxista tiveram alguns avanços neste sentido, mas nada que , nem de longe, possa colocar em xeque o poder das centrais cooptadas.

O que acho estranho é que a oposição de esquerda marxista não tenha tido, até agora, uma luta mais consequente e firme pela verdadeira democratização da cultura.


 por Beth Monteiro