domingo, 5 de dezembro de 2010

WIKILEAKS:ATAQUE CIBERNÉTICO DE ISRAEL/WASHINGTON



A “Operação Wikileaks” prepara o controle ideológico dos portais progressistas.

Os serviços secretos de Israel e da CIA obtiveram uma grande vitória em sua guerra cibernética. Depois de estropiar as centrífugas do programa nuclear iranianiano (Natanz) usando um software maligno (Stuxnet), conseguiram utilizar a Wikileaks e Julian Assange como vetores de uma agressão cibernética em grande escala, contra seus “inimigos”. O método é usual na guerra no ciberespaço: mesclar documentos verdadeiros, mas triviais, com falsificações que servem como mísseis teleguiados contra os verdadeiros alvos.

A autoria dessa agressão cibernética se aclara com este axioma da criminalidade: quem se beneficia com o crime? O padrão dos documentos proporciona a resposta: Israel, Washington e o imperialismo ocidental em geral, incluindo seus satélites mercantil-feudais árabes. Prejudica grosseiramente, com suas mentiras, uma série de alvos particulares: Irã, que supostamente seria odiado pelo mundo árabe; China, que presumivelmente aceita o futuro domínio estadunidense sobre a Corea do Norte; Brasil, que aceita o futuro domínio estadunidense, cujo Ministro de Defesa Nelson Jobim seria informante de Washington; Bolívia, cujo presidente, Evo Morales, teria um grande tumor na cabeça e a Venezuela bolivariana que seria refúgio do ETA, das FARCs como Cuba.

Além disso , a “Operação Wikileaks” prepara o controle ideológico sobre a internet e aos portais progressistas. Um mundo fundamentalmente antidemocrático, porque o mundo capitalista atual não pode permitir o livre fluxo de informações e debates na internet. Declarar Wikileaks uma organização terrorista, matar ou encarcerar Assange, como tem solicitado importantes setores da classe política estadunidense, seria um grande passo adiante na Gleichschaltung hitleriana (uniformização mental) que os amos do sistema requerem ante à crise do sistema capitalista mundial. Outros portais, como www.kaosenlared.net y www.aporrea.org, apareceriam logo na lista negra por apologia ao terrorismo e antissemintismo.

A autoria do delito cibernético de Israel/ EUA não só se revela ante ao princípio cui bono do Direito Romano, mas também ante a absurda pretensão logística de que um jovem soldado homossexual, Bradley Manning*, da 10a Divisão de Montanha dos Estados Unidos, estacionado em uma remota base militar em Iraque (FOB Hammer), pode selecionar, copiar e reenviar 260.000 documentos classificados (!!!). Se Manning pudesse fazer isto, deixaria Bill Gates como um mero aprendiz de computação.

A obstrução das centrífugas nucleares do Irã em 2010, em Natanz, seguiu o exemplo de uma exitosa operação da CIA contra o gasoduto da ex- União Soviética nos anos 80, levada a cabo sob às ordens de William Casey. Quando a CIA soube que Moscou iria comprar e piratear um sofisticado softwere canadense para as bombas, turbinas e válvulas de um novo gasoduto na Sibéria, não bloqueou sua venda, senão introduziu ,em conluio com a empresa canadense, uma bomba inteligente, um malware (Trojan Horse) no softwere que alterava os parâmetros de velocidade e pressão do sistema, fazendo-o explodir em 1981.

A operação contra o centro nuclear iraniano de Natanz segue este mesmo modelo. Os serviços ocidentais se infiltraram nas redes de compra do Irã para um novo reator e introduziram um novo softwere nas centrífugas o vírus “Stuxnet”, desenvolvido às claras pela inteligência militar israelense. Como o “Cavalo de Troia” de 1982, o Stuxnet fez flutuar a velocidade e pressões das centrífugas que, atuando em cadeia, se destroem. Calcula-se que a capacidade operativa das centrífugas de Natanz se reduziu em uns 30 com cento por este ataque virtual.

O modo de operação da CIA e do Mossad abarca três passos: 1) necessitam de informações preliminares sobre os planos do “inimigo”. No caso do Wikileaks, Adrian Lamo, um hacker com quem Mannings se correspondia, informou ao FBI; 2. Sobre essa informação, decidem de que forma atuar. Nos casos da ex-URSS, de Natanz e de Wikileaks, resolveram não bloquear, de frente, a operação planejada, senão aproveitá-la para uma operação cibernétical própria da contrainteligência. 3. Os grandes meios de doutrinação burguesa e os respectivos governos manipulam os eventos criados por eles, durante longo tempo. Nesse sentido, os documentos de Wikileaks serão como uma fonte intocável de guerra psicológica e física contra os adversários do império.
As operações virtuais e desinformação são apenas um aspecto dos projetos de desestabilização dos EUA e Israel, como demonstra seu exitoso programa de assassinatos de cientistas nucleares iranianos. Venezuela com sua extensa rede de gasodutos e oleodutos, cujo software é parcialmente operado desde satélites, com sua monoestrutura elétrica, com suas fronteiras selvagens e marítimas abertas e uma forte quinta-coluna interna, tem que se preparar muito bem para neutralizar a investida que Washington/Tel Aviv vem preparando para o país de Bolívar.

Heinz Dieterich
como www.kaosenlared.net como www.kaosenlared.net

*O soldado americano Bradley Manning, de 22 anos, vive hoje em uma "solitária", à espera do julgamento em corte marcial em 2011. Antes de ser isolado do mundo, porém, o jovem teve acesso, durante 14 horas por dia, sete dias por semana, ao longo de oito meses, a uma rede gigantesca de informações secretas do Departamento de Estado americano a partir de seu posto de trabalho, em Bagdá. Ao decidir apagar os arquivos MP3 de Lady Gaga e copiar em seu lugar 1,6 gigabytes de dados em um CD regravável, Manning protagonizou o maior vazamento de informações da história. Nas mãos do australiano Julian Assange e do site WikiLeaks, esses 250 mil relatórios escritos por diplomatas de embaixadas dos Estados Unidos vieram à tona no último domingo e, desde então, já começam a mudar o modo de se fazer diplomacia.