Gaza ,02-05-2009 - Gaza l'inoubliable ! Par Cédric et Alex
tradução: Beth Monteiro
Os chefes dos nossos Estados assistiram a este massacre que conduziu à desordem e à miséria de uma população esquecida de todos, perante a indiferença da comunidade internacional, entregue á sua própria sorte, e sob dependência total de seus algozes egípcios e israelenses
Após uma semana de vai - e - vem, solicitamos de novo as autoridades francesas sua intervenção junto ao governo egípcio para favorecer a nossa entrada । No oitavo dia, o milagre produz-se e Gaza estava finalmente aberta para nós. Sem perder um minuto e sem bagagens, corremos até perder respiração, sem olhar para trás, por medo de sermos descobertos.Paramos no meio de um terreno deserto que serve de armazenamento de lixos colado a uma miserável base de jogos que faz face á rua Sultan que sobe até o centro de Gaza. Do outro lado desta rua, vimos a população e dirigimo-nos para ela. Apresentamo-nos como estudantes franceses vindos exprimir a nossa solidariedade e a nossa simpatia. Propuseram guiar-nos e fazer-nos visitar o que sobrou das cidades e aldeias, hospitais, escolas, campos, administrações, estradas, infra-estruturas após os bombardeios.
Ao longo de toda a nossa visita e apesar da miséria e a pobreza dos lugares, os palestinos demonstraram uma hospitalidade sem iguais. Descobrimos um campo de ruínas como se tivesse sofrido um terremoto, uma população chocada pelos bombardeamentos, os massacres, as armas de destruição maciça utilizadas (bomba de fósforo, de urânio empobrecido...). Observamos que a situação era mais catastrófica em certas lugares (Khan Younes, Djaballiah, Gaza-cidade, Beth Hanoun�) nos quais as condições de higiene são deploráveis por falta de água potável, de eletricidade, que só é liberada algumas horas de certos dias , e onde a maior parte das casas foi transformada numa montanha de ruínas.
Além disso, notamos o aparecimento crescente de certas doenças como o cancro e o diabetes, devido às ações químicas e nocivas dos bombardeamentos e a poluição devido à acumulação de lixo. Estas doenças não podem ser tratadas por falta de cuidados, de medicamentos e de infra-estruturas médicas. Visitamos certos hospitais ainda existentes (o hospital Al Shifa, o hospital GR Chahid Abou Youssef GR Najjar, o hospital GR Nasser) nos quais encontravam-se ainda numerosos feridos entregues á própria sorte por falta de pessoal e de material médico. Visitamos igualmente uma associação de ajuda às vítimas a Khan Younes, cujo objectivo principal é fornecer próteses e cadeiras de rodas necessárias, mas esta encontrava-se praticamente inoperante por não poder responder aos pedidos.
Concluímos a nossa estada pela visita das famílias das vítimas dos bombardeamentos israelense. Muito entre elas reencontraram-se sem teto e deveu contar com a hospitalidade dos seus parentes para proteger-se. É, contudo, necessário assinalar que uma casa em Gaza, limita-se a quatro muros e uma chapa de zinco. Comunicaram-nos as condições de vida que têm se tornado ainda mais difíceis após os ataques israelenses. Por falta de entradas e fluxos das mercadorias, o custo da vida sofreu uma inflação sem igual: o preço dos produtos de primeira necessidade (pão, leite, águaa...) duplicou enquanto mais de 80% da população não tem emprego e está por conseguinte sem recursos.
Tanto o nosso desejo e o nosso entusiasmo de descobrir Gaza eram imensos quanto o desespero e a desolação sobre o lugar eram aterrorizantes. Os chefes dos nossos Estados assistiram a este massacre que conduziu à desordem e a miséria uma população esquecida de todos, perante a indiferença da comunidade internacional, entregue á sua própria sorte, e sob dependência total os seus algozes egípcios e israelenses.
A sobrevivência hoje em Gaza se deve apenas a uma resistência voluntária e corajosa de quem soube habituar-se e organizar-se sob o bloqueio imposto desde 2007 por Israel. É fundamental que Gaza seja uma prioridade urgente no espírito de cada um, embora o bombardeamento israelense tenha cessado, a vida ali não retomou à normalidade, pois o bloqueio continua a ser total. Chamamos cada pessoa sensível à aflição humana a multiplicar as ações para a liberação de Gaza.



