O papa Bento XVI, em sua visita ao Oriente Médio, encontrou-se com familiares de dois prisioneiros palestinos, não sem antes “participar do sofrimento “ da família do soldado Gillad Shalit – único prisioneiro de Israel na Palestina contra mais de 11.000 prisioneiros palestinos nas horripilantes prisões de Israel destinadas aos presos políticos. Quanta demagogia! Será que o “Santo” padre acredita mesmo que deu tratamento igual a ambos os lados? Ou será que ele acha que a liberdade de Shallit vale tanto quanto a liberdade de 11.000 palestinos? Se é assim, podemos fazer negócio.
Tal como a mídia vendida, os governos “democráticos” e as Organizações de Direitos Humanos, o líder espiritual dos católicos fecha os olhos, tapa os ouvidos e silencia frente à violência do encarceramento das vítimas da ocupação ilegal de suas terras, cujos crimes não passam do legítimo exercício de seus direito, garantidos pela Convenção de Genebra: resistir à usurpação, à agressão e os constantes assédios das forças nazi-sionistas de Israel.
Falar das terríveis condições dos cárceres israelenses destinados aos presos políticos palestinos, que são praticamente idênticas às dos campos de concentração nazistas, e das torturas impostas aos líderes políticos e militantes dos diversos partidos e organizações palestinas, pode parecer injustiça para com os brasileiros, em sua maioria pobres, que lotam as cadeias de nosso país, cujas condições, são absurdamente precárias.
Entretanto, existem diferenças importantes que devem ser ressaltadas para que este tipo argumento não sirva de desculpa para que não se lute para romper esse silêncio, inclusive daqueles que apóiam a causa palestina.
Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que nenhum prisioneiro, culpado ou inocente, deve ser tratado de forma desumana e que as condições dos presídios devem garantir os direitos previstos nas convenções internacionais de direitos humanos. Entretanto, não se pode afirmar que todos os detentos brasileiros e de outros países sejam inocentes e estejam sem assistência jurídica, ao contrário dos palestinos que apenas defendem seus direitos e não contam com assistência jurídica isenta.
Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que nenhum prisioneiro, culpado ou inocente, deve ser tratado de forma desumana e que as condições dos presídios devem garantir os direitos previstos nas convenções internacionais de direitos humanos. Entretanto, não se pode afirmar que todos os detentos brasileiros e de outros países sejam inocentes e estejam sem assistência jurídica, ao contrário dos palestinos que apenas defendem seus direitos e não contam com assistência jurídica isenta.
Quanto a precariedade dos nossos presídios, temos condições de lutar para mudar essa situação dramática porque ainda não estamos enfrentando um governo nazista, em que pese a crescente criminalização dos movimentos sociais.
Na América Latina, temos a tradição de ver os guerrilheiros como heróis libertadores dos povos oprimidos. Che Guevara é o maior ídolo e orgulho das esquerdas da América Latina, sendo seu heroísmo, sua conduta ética e seus ideais um grande exemplo a ser seguido em todo o mundo. É como Che que vemos nossos guerrilheiros. No Brasil mesmo, todos os combatentes que caíram ou foram presos e torturados durante a Ditadura Militar são ainda hoje, lembrados como heróis. Por que, então, os guerrilheiros, os combatentes, as lideranças políticas e comunitárias da Palestina, que tombam em combate ou são presos, não despertam o mesmo tipo de sentimento em nossa América?
As razões para esse comportamento pode ser explicado pela insidiosa propaganda sionista que não poupa recursos para transformar suas mentiras em “verdades”. Ocupando todos os espaços da mídia em praticamente todos os países do mundo, o sionismo molda a mente das pessoas á sua imagem e semelhança. Nem os mais conscientes dos cidadãos escapam dessa armadilha. Muitos ainda acreditam que os prisioneiros palestinos são terroristas porque assim quer a propaganda oficial, quando se trata da mais deslavada mentira.
Só no Brasil, existem centenas de milhares de publicações sindicais, estudantis e alternativas; um grande número de jornais de parlamentares de esquerda e de ONGs de direitos humanos. Tudo isso, sem contar com sites na Web, Tvs e rádios comunitárias. Infelizmente, o espírito internacionalista passa longe dessas publicações, salvo honrosas exceções.
Para que a questão dos prisioneiros palestinos seja conhecida e desperte a indignação nas pessoas, cuja humanidade ainda não foi perdida, é preciso romper, em primeiro lugar, as barreiras da própria imprensa engajada na luta pelos direitos dos povos. O fato de cada entidade ter que priorizar sua base social, não exclui um compromisso com os valores fundamentais da humanidade.
Beth Monteiro