terça-feira, 12 de maio de 2009

A Palestina na encruzilhada do labirinto





Os labirintos com encruzilhada são os possuem nós com vários caminhos de partida, quase todos , sem saída. Para sair de um labirinto com encruzilhadas podemos utilizar o “ método da esquerda”, neste caso, é preciso caminhar apoiando constantemente uma mão na parede e avançar sem perder o contato (com o povo) ou, então. marcarmos os caminhos sem saída, que percorremos inutilmente, para não corrermos o risco de repetir mais uma longa e frustrante caminhada.

Vivem-se dias trágicos na Palestina. Seu povo e suas lideranças honestas encontram-se em uma encruzilhada desse labirinto, em que praticamente todos os caminhos para uma saída, já foram percorridos, até mais de uma vez. Não existe mais espaço para erros. Não se pode tomar, novamente, um caminho sem saída.

As lutas contra o colonialismo e a dominação tem se mostrado longas e dolorosas, mas a vitória acabou sendo alcançada, em muitos casos. Para a independência da Argélia, por exemplo, foram necessários muitos anos de rebelião popular, ações guerrilheiras e uma campanha mundial de apoio. Entre a invasão da França, em 1830 e a independência, passaram-se mais de cem anos de lutas: a República Popular Democrática da Argélia só foi proclamada após eleições da Frente de Libertação Nacional e Ben Bella torna-se presidente em 1962. A heróica e obstinada resistência vietnamita, durante a guerra de colonização empreendida pelos Estados Unidos sobre o pobre Vietnan, foi capaz de impor uma vergonhosa derrota ao maior exército do planeta. Em ambos os casos uma campanha mundial de apoio foi fundamental.

Ainda que a estrada seja longa e cheia de obstáculos, se for tomada a direção correta, é possível vencer Israel. As duas intifadas palestinas e a retirada do Líbano, em 2000, demonstraram que essa entidade nazi-sionista não é invencível, assim como a derrota das tropas sionistas no Líbano frente à resistência encabeçada pelo Hizbollah, em 2006, deixou claro que a derrota e o fim dessa imitação de estado é possível, assim como foi possível destruir o Estado Nazista da Alemanha e o Estado do Apartheid da África do Sul.

Quando a necessidade do diálogo entre as forças políticas da Palestina faz-se mais necessária do que nunca, nem que seja para evitar o colapso total dos territórios ocupados, Abbas mostra mais um caminho sem saída , ao nomear para primeiro-ministro um ex-funcionário do Banco Mundial e do FMI, Salam Fayyad, que obteve 2,4% dos votos nas eleições. Agora, o atual chefe da OLP, que era um zero á esquerda até o início do massacre em Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, passou a ser bajulado por autoridades governamentais em quase todo o mundo como um homem competente, conciliador e pragmático. Eis aí uma indiscutível demonstração de fragilidade das forças reacionárias que dominam mundo que, na falta de líderes mais respeitados, têm que se apoiar num governo fraco e ilegítimo.

Como esse novo governo engendrado por Abbas, que é tão falso como o mal chamado estado de Israel, já nasceu morto e repudiado pela esquerda, pelo Hamás e pelo povo, chegou a hora de seguir o fio de Ariadne* para alcançar uma saída.

Qual saída?

Sem dúvida, é necessário e urgente a construção de um programa político que seja compreendido e adotado pelos palestinos e o fortalecimento da resistência militar em conjunto com todas as forças da esquerda mais o Hamas , agregando os povos árabes e muçulmanas, sem abrir mão dos contatos diretos e permanente com as forças progressistas em todo o mundo, que deverão, entre outras tarefas, atuar cotidianamente com a contra-informação de modo a neutralizar a propaganda sionista.

Este programa deve deixar claro que a defesa da Libertação Nacional não exclui a luta pelo Socialismo para se evitar os equívocos cometidos pelos marxistas na revolução iraquiana que depois de lutarem ao lado das forças fundamentalistas, foram perseguidos por elas. No auge daquela revolução, havia a possibilidade da derrubada do capitalismo.

Que Abbas apontasse mais uma vez para o caminho que leva os palestinos ao precipício, era de se esperar porque ele só faz política para salvar sua própria pele e de seu partido, num oportunismo que beira ao ridículo. Resta, agora, às lideranças honestas mostrarem o caminho certo.

por Beth Monteiro


*O termo "fio de Ariadne" surgiu a partir da lenda de Ariadne da mitologia Grega. É um termo usado para descrever a resolução de um problema utilizando diversos modos de agir como, por exemplo, um labirinto físico, um quebra-cabeça de lógica ou um dilema ético, através de uma aplicação exaustiva da lógica por todos os meios disponíveis. É o método singular que permite seguir os vestígios das pistas ou assimilar as verdades encontradas em um evento.

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