O governo e líderes sionistas de Israel estão soltando chispas de ódio diante dos últimos acontecimentos: o crescimento de uma nova organização judaica nos Estados Unidos, o relatório Goldstone e até um seriado da TV Turca
O ex-presidente do Conselho Diretivo do Congresso Judaico Mundial, Isi Liebler, declarou ao Jerusalém Post que " é nossa obrigação enfrentar o inimigo interno - judeus renegados - incluindo israelenses que estão na vanguarda dos esforços globais para demonizar e deslegitimar o Estado judeu ". As razões do desabafo: o crescimento de J Street, uma nova organização judaica de lobby pacifista que se descreve como pró-Israel e pró-paz que já está fazendo frente à AIPAC, tradicional organização de lobby sionista com grande influência política e econômica nos EUA.
Neste fim de semana, a J. Street realiza sua primeira conferência nacional. Alguns artistas foram convidados para lerem poemas, durante a conferência. Eles pretendiam falar sobre a Palestina, enfatizando a necessidade de se fazer justiça àquele povo. Mas o lobby da AIPAC silenciou suas vozes.
Alguns poetas reagiram, dizendo que os radicais de direita odeiam discursos que revelam verdades que procuram negar sistematicamente. The Weekly Standard Commentary e seus irmãos, influenciadas pela AIPAC, estão atacando J Street há semanas, com medo de que a conferência possa reunir a maioria dos judeus americanos que fazem pressão por um processo de paz mais rigoroso.
Pressionado, o diretor executivo da J Street cancelou a apresentação de alguns artistas na Conferência. Os poetas Kevin Coval e Josh Healey disseram que a nova organização judaica sucumbiu à pressão e passou a perseguir os artistas e que isso é uma reação equivocada da “esquerda”: “Ao invés de ceder, o que só incentiva a direita e legitima seus ataques, é preciso defender os nossos princípios e se engajar nessa frente.”
Coval e Healey reclamam que não há, nos espaços judaicos dos EUA, abertura para defenderem o direito dos palestinos de regressarem à terra da qual eles foram forçados a sair ou para mencionar que em janeiro passado, mais de 1.400 palestinos, a maioria civis, foram mortos em Gaza.
“Por que estamos com medo dos resultados de uma conversa honesta? O que temos a perder, ou descobrir, ou admitir e se questionar sobre políticas de Israel ou o apoio dos EUA ao seu governo e ajuda militar? Isso pode ser perturbador para quem teme ver revelada a intrincada teia de mentiras e meias-verdades. Isto pode ser desconcertante para as gerações de judeus que aceitaram a propaganda de um "povo escolhido" e as atuações do pesadelo da geoestratégia pelo poderio militar”, disse Coval.
Israel impõe censura à TV estatal turca
Mais dois fatos estão irritando Israel: um seriado transmitido pela TV Turca que mostra crianças palestinas sendo assassinadas por soldados israelenses http://www.youtube.com/watch?v=Sp2wPebKyN8&feature=related e a aprovação do Relatório Goldstone pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU. O seriado provocou a ira de Israel e causou um incidente diplomático entre os dois países. Para Israel, as cenas de execução de crianças “não estão de acordo com a realidade”. "Uma cena mostrando soldados israelenses disparando uma fila de palestinos com os olhos vendados foi cortada, a partir do segundo episódio," disse o produtor Selcuk Cobanoglu ao jornal Milliyet. A série - "Separação: Palestina no amor e na guerra" - entrou no ar em 13 de outubro.
Israel fora de si A comunidade judaica nos Estados Unidos é composta por cerca de 6 milhões de pessoas, cujo comportamento crítico, de uma parte dela, pode ter conseqüências perigosas para o Estado Sionista. Suas críticas estão deixando os líderes israelenses fora de si, a ponto de Liebler declarar no Jerusalém Post: "Esses judeus odioso podem ser rastreados até aos apóstatas que, durante a Idade Média, fabricaram libelos para incitar o ódio que culminou no massacre. Foi em resposta a esses renegados que a excomunhão foi criada." Para Liebler, esse grupo de judeus estadunidense quer pressionar o governo dos E.U. para que exija de Israel mais concessões unilaterais aos vizinhos, abrindo caminho para a aniquilação do estado judeu.
Beth Monteiro Ilustração: tela do artista plástico palestino Zuhdie Al Adawi " Esperança" - Fontes : Intifada Eletrônica, Global Agence e jornal Haaretz
Nenhum comentário:
Postar um comentário