HENRIQUE MEIRELLES, o ex-presidente do Banco Central no
governo Lula, faz exigências para retornar ao cargo em um eventual governo Michel Temer: quer a independência do Banco Central.
Por que Henrique Meirelles, Aécio Neves e Marina Silva
defendem a independência do BC? E por que Meirelles não exigiu a independência
do Banco Central para participar do governo Lula?
O rentismo que sustenta
a elite que vive dos juros, e não investe no setor produtivo que gera
empregos, se estabeleceu no Brasil a
partir do governo de FHC , se aprofundou no governo Lula e entrou em colapso
no governo Dilma.
O mercado financeiro se utiliza de drenos para usurpar
nossas riquezas e impõe, aos governos
submissos, políticas de poder que tornam quase impossível a qualquer governo covarde romper essa lógica.
De 2013 a 2014, Dilma
tentou reduzir a taxa de juros, causando
reação e pressões políticas muito fortes
de economistas que previam o inevitável crescimento da
inflação.
Em virtude de todas as consequências do Quantitative Easing
(QE), ensaiado por Dilma, que usou o
mecanismo de expansão monetária (ou endividamento), que só é permitido nas
potências imperialistas ocidentais,
a questão da independência do Banco Central volta, agora, com toda a
força.
Todos os candidatos a presidente da república — submissos ao
rentismo— , seja do vice após
impeachment, seja via eleições de 2018, lutam desesperadamente para ser o
preferido ou a preferida do capital
financeiro em sua guerra contra o setor produtivo, ou seja, a favor do
desemprego como moeda de troca.
Mas como não querem
assumir isto de forma tão descarada, todos e todas defendem a independência do Banco Central ,
para que este funcione como “policy
makers” que vai lidar
com o problema da inflação e do
desemprego.
Assim , estes governos podem simplesmente lavar as mãos para este tipo de problema e agirem como se
inflação/ desemprego fosse algo advindo
de alguma entidade sobrenatural, sobre a
qual eles ou elas não têm controle.
Entretanto, durante os dois mandatos de Lula, Meirelles não
exigiu a independência total do BC
porque, em primeiro lugar, não era necessária, tendo em vista o grau de
confiança que Lula depositava nele; e ,
em segundo lugar, porque com o crescimento da economia ,via exportações de
commodities (grãos e minérios), ele sabia que seu fiel servo não precisaria
interferir nas políticas do BC.
Mas agora, que este modelo colapsou, Meirelles precisa de
autonomia para impor seus remédios amargos para os trabalhadores em favor dos
especuladores porque sabe que pressões das ruas vão se intensificar, e qualquer
governo, seja de Dilma, de Michel Temer, de Marina, de Lula ou de Aécio pode
querer interferir para reduzir desemprego e parar os ataques aos direitos dos
trabalhadores de empresas privadas, funcionários públicos e aposentados para não perderem sua popularidade e evitar uma
convulsão social.
por Beth Monteiro
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