domingo, 3 de maio de 2009

“O processo de paz no Médio Oriente é o engano mais espetacular de toda a história da diplomacia moderna"


Palestine - 01-05-2009
Par François Lazar
Fonte : Parti Ouvrier Indépendant


De acordo com o diário israeliano Yediot Aharonot (22 de Abril de 2009), " Netanyahou diz que projeta guardar 50% da Cisjordânia, incluindo o vale do Jordão. O Primeiro ministro disse igualmente que está disposto a adotar a solução de dois Estados, mas pede a imposição de restrições sobre todo o futuro Estado palestino. Entre outros pontos, o seu governo quer controlar o espaço aéreo do Estado palestino, assim como as suas passagens transfronteiriças, bem como o poder de restringir as suas relações com certos países como o Iran." Dois dias atrasado, Washington Post dava conta da resposta de Hillary Clinton aos propósitos de Netanyahou: “O adiantamento no estabelecimento de um Estado palestino deve estar relacionado com os esforços para lutar contra a influência iraniana no Médio Oriente”. O diário nota que lá, Clinton “rejeitava a posição emergente do novo governo israelense que coloca demasiadas exigências à aplicação da política americana”.

Num artigo publicado em Agosto de 2007, Henry Siegman, antigo líder do Congresso judaico americano, já explicava que “o processo de paz ao Médio Oriente poderá ser o engano mais espetacular de toda a história da diplomacia moderna. Desde o malogro da cimeira de Campo David, em 2000, e realmente bem antes desta cimeira miserável, o interesse do Israel em qualquer processo de paz (...) é apenas uma ficção que serviu essencialmente para fornecer uma cobertura ao seu confisco sistemático de territórios palestinos e uma ocupação cujo objetivo, de acordo com o antigo chefe de Estado-maior do exército israeliano, Moshe Ya' alon*, é fixar profundamente na consciência dos Palestinos que são um povo vencido”.

Para o povo palestino, que apenas reclama os seus direitos, a começar pelo direito ao regresso dos refugiados nas cidades e aldeias de origem, a última guerra de Gaza é apenas a continuação de uma mesma política israelense efetuada há mais de 60 anos. De George W. Bush à Barack Obama, a única divergência entre Israel e os Estados Unidos não é no destino do povo palestino, cuja resistência é insuportável no entender do imperialismo, mas a forma de instaurar sobre o tabuleiro de xadrez os peões para manter a ordem na região. Tendo em conta o caráter caótico e não dominado da política americana (a guerra no Iraque devia ser um simples passeio, da mesma maneira que a intervenção no Afeganistão), todas as opções continuam a ser contudo abertas.

* atual vice-primeiro-ministro para assuntos estratégicos
Tradução: Beth Monteiro

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